Ela chegou vestida de lágrimas. Parou diante de mim
e não aguentou: Derramou-se numa tempestade de tristezas, tormentos e angústias
e com os olhos vermelhos... Eu apenas ouvi, por instantes, o desabafo. Depois,
lentamente, estendi as mãos trêmulas e medrosas com receio de que negasse o meu
auxílio. Ela não negou. Mas também não o aceitou e falou... Disse tudo o que
estava na alma. Secou as nuvens de tristezas que cobriam o coração e sorriu.
Sorriu com esperança de um dia melhor. Sorriu pra vida. E o seu sorriso
abriu-se para o mundo como uma flor que se abre para o sol: Totalmente se
entregando ao carinhoso calor da alegria, da paz, do amor... Desnudou-se da
tristeza e se vestiu de alegria, doando a todos a radiante felicidade que
saltava dos seus olhos. Foi assim, num dia triste que se tornou alegre. Sim,
porque alguém resolveu mudar. E essa mudança fez um milagre. O milagre do amor.
O milagre que nós temos a esperança que um dia aconteça... Um dia pensamos
viver esse milagre, mas, por enquanto, parece apenas um sonho. Talvez um
delírio de adoslescente-quase-adulto que via as coisas acontecendo como um
turbilhão. Mas, passou a euforia: Crescemos. Agora somos adultos-quase-velhos,
com esperança de nada ou tudo. Será que tem volta? Ah! Se tiver, eu quero
novamente a alegria de me enganar, de acordar de manhã e sorrir “pr’o” dia, sem
pensar como será o amanhã. Brincar de futuro no presente, ser criança grande:
Jogar bolinha de gude num quintal imenso, maior que dez estádios de futebol,
soltar pipa, balão, pular amarelinha com as meninas, brincar de roda com elas, garrafão,
ferrinho, pique-esconde... Ah! Se tudo isso voltasse... Hoje é só videogame,
internet, computador, mp3, mp4... E outras coisas piores... Não há lugar para a
fantasia, não há lugar para os sonhos. E com isso a dor vai aumentando: Dor de
não ter, dor de não ser... E dói... E nem lágrimas temos pra chorar as nossas
angústias, nossas tristezas. Dá vontade de pedir emprestadas as lágrimas da
moça. Pra chorar tudo ou chorar nada. Pra chorar o vazio. Chorar tudo e ela
ouvir sem falar nada. Eu não sei o que fazia chorar sua tristeza. Só sei da minha.
Minha dor, minha angústia, minhas neuras... Sou egoísta. Mas, a situação é que
me faz assim. O mundo é de quem vence: Como diria Machado de Assis: Ao perdedor
as batatas... Ou as lágrimas. Simples assim. A única coisa que ficou foram as
lágrimas e elas não custam nenhum imposto. É só derramá-las.
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