Se
quisermos adorar em espírito e em verdade, precisamos redescobrir a capacidade
de nos maravilharmos, a qual Deus colocou dentro de cada um de nós. Ela foi
distorcida pelo pecado, de forma que nossas percepções foram confundidas. O
oposto preciso de maravilha é ceticismo, e eu duvido que alguma vez houve um tempo mais caracterizado por ceticismo que este em que vivemos. Se não
tivermos cuidado, cairemos nesta armadilha. Afinal de contas, o ceticismo está
no ar cultural que respiramos diariamente. A menos que você viva em uma ilha
deserta, passa mais tempo exposto a atitudes céticas do que comendo ou se
exercitando. Pense em nossos programas de televisão. Considere os filmes a que
nossos jovens assistem e a música que pulsa em seus fones de ouvido.
Depois
do dia 11 de setembro de 2001, houve muita discussão na mídia sobre “a morte da
ironia”, mas na realidade pouco mudou. Há uma cultura do sarcasmo que tem, há
décadas, se infiltrado em nossa mídia e chega até nós através de muitos de
nossos líderes a fim de infectar a todos. Frequentemente digo que não vejo como
um servo comprometido com Cristo pode manter uma atitude sarcástica a título de
humor, porém temos muito poucos outros modelos diante de nós. Depois de um
tempo, não nos maravilhamos mais com Oz, o Grande e Poderosos – estamos esticando nossos pescoços para achar o
pequeno homem encolhido atrás da cortina. Estamos certos de que deve haver um,
pois tudo parece ser uma fraude ou subterfúgio. Enquanto o pregador está nos
falando sobre Deus, estamos desejando saber quanto pagam a ele para pregar o
sermão. O ceticismo é uma infecção mortal que corrói nossa habilidade pueril de
sermos surpreendidos e nos maravilharmos. Ele corrói nossos canais de adoração,
e esta é uma doença terminal.
Este não
é um problema novo, naturalmente. Jesus enfrentou os céticos a cada esquina.
Não só os fariseus eram incapazes de participar da experiência maravilhosa dos seus
milagres e ensinos, mas até mesmo os seus próprios discípulos constantemente
falhavam em alcançar um entendimento maior. Tantas das suas parábolas
convidavam os seus ouvintes a se maravilharem ante a grandeza do Reino de Deus,
mas quase todos não entenderam o essencial. Finalmente, como não pudessem ver o
quadro maior, Ele lhes deu um pequeno. Pôs em seu colo uma criancinha. Os
discípulos foram surpreendidos; eles achavam que as crianças não eram
merecedoras do tempo do Mestre, e geralmente as mantinham à parte.
Mas
Jesus, as chamando para si, disse: Deixai vir a mim os pequeninos e não os
impeçais, porque dos tais é o Reino de Deus. Em verdade vos digo que qualquer
que não receber o Reino de Deus como uma criança não entrará nele. (Lc. 18.16,
17)
O tema
principal aqui, naturalmente, é a humildade. (Mt 18.1-5, nos fala que os
discípulos estavam discutindo – outra vez – sobre quem seria o maior no reino
de Deus. Todavia humildade e maravilha
andam de mãos dadas. Nossa fé precisa ser pueril, não infantil. Precisamos
redescobrir o temor de Deus. Muito do cristianismo contemporâneo, como nós
percebemos, se refere a Deus em termos casuais, como o principal Melhor Amigo –
o que, naturalmente, Ele é. Mas, se não tivermos cuidado, nós o colocamos do
nosso tamanho. Então nosso Deus se torna muito pequeno.
Não precisamos de um
Deus conveniente e compacto. Precisamos DaquEle que faça nossos olhos brilharem com seu fogo e
nos despeça como pessoas transformadas.
E precisamos deste Deus a cada momento do dia. (Jeremiah, David. O
Desejo do meu coração. CPAD: Rio de Janeiro, 2006.)
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