O mendigo
Ele chegou estranhamente enrolado num cobertor
velho. Na cabeça um gorro de frio, luvas poidas nas mãos, sandálias nos pés os
quais tinham um par de meias de modelos diferentes, uma em cada pé. Segurando
numa das mãos e jogados às costas um saco de lixo e na outra, um copo de
plástico de 500 ml vazio. Sentou num dos bancos. Um dos diáconos tentou
argumentar com rispidez e foi logo rechaçado (Não sabe lidar com gente).
Enrolou o cobertor em volta do rosto cobrindo o nariz deixando apenas os olhos à
mostra e ficou ali inquieto. Ninguém se aproximou para dar as boas vindas de
praxe, um abraço... Mas, não senti, espiritualmente
falando, nada de anormal no rapaz... Por essa razão não me preocupei quando um
jovem adolescente se aproximou dele e sentou-se ao seu lado. A agitação
momentânea abrandou-se. Aquela confusão interior esvaiu-se num instante. Aquele
jovem tinha uma unção especial. Deus era com ele. Um copo de água... E o
adolescente presto, foi logo buscar. O diácono pronto para voar em cima do
visitante. E o visitante de olho no diácono. O jovem volta com a água
solicitada e os dois conversam como dois conhecidos de longa data... A igreja
de sobreaviso, não prestava muita atenção no desenvolver do culto e passa a
observá-lo: Todos estavam incomodados com a sua presença... O mendigo suavizou
o ânimo. De repente tentou sair da igreja, no que foi impedido pelo jovem rapaz
que o animou a ficar: “Por acaso havia uma benção para ele naquele lugar...” Disse-lhe
o jovem.
Aí eu pergunto: Pregamos
o amor e o anunciamos no último volume da mesa de som, mas, onde ele está? Onde
se escondeu que não o encontramos? Será
que foi por baixo dos bancos? Onde? Será que saiu correndo porta afora? Não
sei. Só sei que ele faz falta nos últimos dias que nos restam. Jesus está
prestes a vir buscar a Sua Igreja, a Noiva adornada e impregnada com o Seu
perfume... E o amor... Se estrebuchando num estertor vai se desfazendo aos
poucos. Daniel, em seu livro, diz que a ciência se multiplicaria e o amor
esfriaria. Não apenas esfriou, mas, ficou gelado! Precisamos rever os nossos
valores. Precisamos aprender a respeitar os nossos semelhantes. O mendigo
citado era simplesmente... O pregador da noite. Foi uma bela surpresa. Todos
ficaram de queixo caído. Somente o pastor sabia que ele estaria caracterizado
daquela forma. A aparência não era das melhores, mas, surtiu o efeito desejado.
Assim como passou despercebido nas ruas, na igreja... A condução para chegar
até aqui? Uma carroça. Ninguém o aceitava. Ninguém queria lhe dar
carona. Apenas um carroceiro... Lembra-se do Bom samaritano? Quem devia prestar
socorro... Negou. E o menos provável aconteceu: Um samaritano parou e ajudou. A
prova da falta de amor ele demonstrou... Na própria pele! E como demonstrou! Pregou uma maravilha! A mensagem caiu como uma
luva... Pena que logo cai no
esquecimento. Falta-nos um pouco de... Vergonha? Ou será... Distração? Será que
as pessoas apenas fingem sentir amor? Falam dele sem ter intimidade com ele? Como
diz mesmo em lª João 4.20, 21? Se alguém diz: ”Eu amo a Deus e aborrece a seu
irmão, é mentiroso. Pois quem não ama seu irmão, ao qual viu, como pode amar a
Deus, a quem não viu? E Dele temos esse mandamento: que quem ama a Deus, ame
também seu irmão”. Como faz falta a leitura bíblica! Como faz falta a
assiduidade na Escola dominical! Hã? Se fossemos assíduos em um e outro não
cometeríamos essa falácia... Certo dia passei defronte a um templo e na placa
frontal estava escrito: Aqui existe amor. Achei interessante o anúncio. Será
verdade? Ou será apenas um chamativo para não perder os membros futuros?
Amor...! À porta do templo sente-se abraçado pelo calor humano que emana lá de
dentro, pois obreiros a porta incentivam as pessoas a participar do culto. Mas,
e depois? Quando estivermos lá dentro esse mesmo amor vai continuar? Os abraços fraternais permanecerão? Lembram-se
das viúvas e órfãos? Ou será tudo uma estratégia de marqueting cristão? Quem
viver verá...
O Senhor os abençoe
abundantemente
Amém!!!