Uma lição que seria lembrada, não só pelos discípulos
da época de Cristo, como também por gerações de discípulos pelos séculos afora...
Aquela mulher, pelo uso do perfume, não era de pouca fazenda. Ganhara muito
dinheiro mercantilizando o seu corpo e era mal vista pelas pessoas ditas de “bem”.
Muitos ali estavam censurando-a por estar perto do Mestre, pois todos ali a
conheciam. Na visão deles uma criança não poderia aproximar-se de Jesus, quanto
mais uma... Prostituta. Ela era como uma doença contagiante: Ninguém queria
chegar perto dela, conversar com ela, nem sonhar... Dirigir-lhe a palavra era
se comprometer com a sociedade. Era totalmente discriminada. Uma pessoa excluída
como os usuários de drogas, bêbados e moradores de rua. Dificilmente um cristão
se aproxima dos tais por receio de ser confundido como um do meio. É muito raro
o evangelho chegar a essas pessoas. São consideradas o lixo da sociedade. Ninguém
liga para elas, ninguém se propõe a estender as mãos. Se aproximar deles e
tocar-lhes é como se corresse o risco de ser contagiado por seus pecados. Agora
essa mulher insignificante estava ali. Todos os olhares se voltam para aquela
figura que se aproxima do visitante. Timidamente curva-se aos pés de Jesus.
Naquela ação ela estava demonstrando a todos que, com todos os seus atributos físicos
e financeiros, pois acredito que era muito linda, senão não seria tão desejada
e, rica, por possuir em mãos um perfume caro como o nardo, não passava de um
monte de nada. Um frasco pequeno daquele perfume chegava a custar o salário de
um ano de um trabalhador. Ela não se importava com isso. Quantos frascos de
nardo ela possuía? Ao quebrar um desses frascos o conteúdo do mesmo era todo
derramado sobre o visitante. Não sobrava nada. Isso não impediu a sua adoração
e o choro que brotou daqueles olhos fôra de arrependimento. Aquele rio de lágrimas
era a sua alma se derramando das angústias, tribulações e martírios por que
passara. Ninguém é o que é por querer ser. Às vezes as circunstâncias fazem o ladrão.
O rosto bonito e o corpo esbelto não eram vantagem para aquela moça. Talvez
fosse até um empecilho para arrumar trabalho, talvez até uma afronta em meio a
uma sociedade medíocre. Sim, porque a sociedade e a lei exigiam que a cerimônia
de lavar os pés do visitante deveria partir do anfitrião. Quando chegava uma
visita, o dono da casa recebia o visitante com um beijo, em seguida providenciava
um criado ou ele próprio se curvava, tomava a água para os pés e ungüento para
perfumar-lhe a cabeça. Era a hospitalidade
da época. Maria se prostrou aos pés de Cristo para mostrar ao mundo que não existe
pecado algum que Deus não possa perdoar. Quando ela viu os pés do Mestre sentiu
a grandiosidade de um Deus que se fez pequeno para habitar no meio dos homens.
Nós não somos nada quando nos colocamos diante desse universo conhecido. A imensidão
desse espaço, que não tem medida plausível, cabe nas mãos desse Deus maravilhoso
que abdicou de sua glória para, por um espaço de tempo, vir viver a nossa vida,
conhecer as nossas necessidades e sentir as nossas dores. Jesus é um Deus de comunhão,
sublime e maravilhoso, porém humilde e acessível.
Que o Senhor os abençoe abundantemente
Amém!!!