sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O mendigo


 O mendigo 
Ele chegou estranhamente enrolado num cobertor velho. Na cabeça um gorro de frio, luvas poidas nas mãos, sandálias nos pés os quais tinham um par de meias de modelos diferentes, uma em cada pé. Segurando numa das mãos e jogados às costas um saco de lixo e na outra, um copo de plástico de 500 ml vazio. Sentou num dos bancos. Um dos diáconos tentou argumentar com rispidez e foi logo rechaçado (Não sabe lidar com gente). Enrolou o cobertor em volta do rosto cobrindo o nariz deixando apenas os olhos à mostra e ficou ali inquieto. Ninguém se aproximou para dar as boas vindas de praxe, um abraço... Mas, não senti, espiritualmente falando, nada de anormal no rapaz... Por essa razão não me preocupei quando um jovem adolescente se aproximou dele e sentou-se ao seu lado. A agitação momentânea abrandou-se. Aquela confusão interior esvaiu-se num instante. Aquele jovem tinha uma unção especial. Deus era com ele. Um copo de água... E o adolescente presto, foi logo buscar. O diácono pronto para voar em cima do visitante. E o visitante de olho no diácono. O jovem volta com a água solicitada e os dois conversam como dois conhecidos de longa data... A igreja de sobreaviso, não prestava muita atenção no desenvolver do culto e passa a observá-lo: Todos estavam incomodados com a sua presença... O mendigo suavizou o ânimo. De repente tentou sair da igreja, no que foi impedido pelo jovem rapaz que o animou a ficar: “Por acaso havia uma benção para ele naquele lugar...” Disse-lhe o jovem.
Aí eu pergunto: Pregamos o amor e o anunciamos no último volume da mesa de som, mas, onde ele está? Onde se escondeu que não o encontramos?  Será que foi por baixo dos bancos? Onde? Será que saiu correndo porta afora? Não sei. Só sei que ele faz falta nos últimos dias que nos restam. Jesus está prestes a vir buscar a Sua Igreja, a Noiva adornada e impregnada com o Seu perfume... E o amor... Se estrebuchando num estertor vai se desfazendo aos poucos. Daniel, em seu livro, diz que a ciência se multiplicaria e o amor esfriaria. Não apenas esfriou, mas, ficou gelado! Precisamos rever os nossos valores. Precisamos aprender a respeitar os nossos semelhantes. O mendigo citado era simplesmente... O pregador da noite. Foi uma bela surpresa. Todos ficaram de queixo caído. Somente o pastor sabia que ele estaria caracterizado daquela forma. A aparência não era das melhores, mas, surtiu o efeito desejado. Assim como passou despercebido nas ruas, na igreja... A condução para chegar até aqui?  Uma carroça.  Ninguém o aceitava. Ninguém queria lhe dar carona. Apenas um carroceiro... Lembra-se do Bom samaritano? Quem devia prestar socorro... Negou. E o menos provável aconteceu: Um samaritano parou e ajudou. A prova da falta de amor ele demonstrou... Na própria pele! E como demonstrou!  Pregou uma maravilha! A mensagem caiu como uma luva...  Pena que logo cai no esquecimento. Falta-nos um pouco de... Vergonha? Ou será... Distração? Será que as pessoas apenas fingem sentir amor? Falam dele sem ter intimidade com ele? Como diz mesmo em lª João 4.20, 21? Se alguém diz: ”Eu amo a Deus e aborrece a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? E Dele temos esse mandamento: que quem ama a Deus, ame também seu irmão”. Como faz falta a leitura bíblica! Como faz falta a assiduidade na Escola dominical! Hã? Se fossemos assíduos em um e outro não cometeríamos essa falácia... Certo dia passei defronte a um templo e na placa frontal estava escrito: Aqui existe amor. Achei interessante o anúncio. Será verdade? Ou será apenas um chamativo para não perder os membros futuros? Amor...! À porta do templo sente-se abraçado pelo calor humano que emana lá de dentro, pois obreiros a porta incentivam as pessoas a participar do culto. Mas, e depois? Quando estivermos lá dentro esse mesmo amor vai continuar?  Os abraços fraternais permanecerão? Lembram-se das viúvas e órfãos? Ou será tudo uma estratégia de marqueting cristão? Quem viver verá...
O Senhor os abençoe abundantemente
Amém!!!